Wednesday, February 12, 2020

Por que não considero o Islã uma religião?

Porque aprendi a deixar de lado os preconceitos e me informar efetivamente a respeito dele.

Acontece que o Islã literalmente se proíbe de ser uma verdadeira religião. Religiões deveriam pelo menos se permitir o espaço necessário para aprender a reconhecer as mudanças sociais e se adequar a elas. O espaço adequado para ouvir as vozes mais sábias de seu próprio meio (e de fora) para rever a validade de seus pontos de doutrina e mudá-los quando conveniente ou necessário.

Principalmente, qualquer religião com um mínimo de respeito por si própria deveria ser capaz de reconhecer que o papel de uma religião verdadeira envolve conectar o absolutamente pessoal com o absolutamente geral, o concreto com o abstrato, a realidade áspera dos fatos com a natureza sublime dos ideais mais elevados.

O Islã literalmente não se permite tais recursos, que são essenciais para que possamos falar em verdadeira religião ou prática religiosa.

E é por isso que sua dialética é tão pobre, a ponto de causar comoção. O Islã, como qualquer outra doutrina, tem um percentual considerável de pessoas de boa fé e bom discernimento. E acaba por perdê-las continuamente, porque essas virtudes as levam eventualmente a aceitar a necessidade de se distanciar da doutrina teocêntrica e inconsequente que o Islã se obriga a ser.

O Islã não é uma religião, não tem uma compreensão mínima do que seria uma religião, e não sabe sequer respeitar o conceito de divindade ou a função básica da religiosidade de orientar a relação com a percepção do sagrado... exatamente porque está tão ocupado em exacerbar a sua peculiar idolatria do próprio conceito de divindade para aprender religiosidade funcional.

É uma doutrina influente, mas completamente desvirtuada, que sequer compreende o que seria teísmo saudável, o que seria religião, ou até mesmo o que seriam valores humanos básicos.

Nenhum de nós deve cometer o sério erro que seria estender a ele a consideração básica que uma prática religiosa merece.

Monday, February 10, 2020

O que Irshad Manji pode nos ensinar sobre o Islã, seu papel, sua relação com a religiosidade e seus possíveis futuros.

Recentemente tive a grande satisfação de descobrir uma entrevista de Ishrad Manji ao Al-Jazeera.

Me tornei fã da autora quase imediatamente, e desejo sinceramente sucesso aos seus projetos, embora discorde dela em alguns pontos significativos. Podemos aprender muito sobre o que o Islã é pela percepção da platéia a partir das reações às ideias e colocações da autora.

Em certo ponto, o entrevistador chega a acusar Ishrad Manji de estar propondo uma versão "faça você mesmo" do Islã. Em outros, pergunta por que ela não prefere confiar nos "especialistas" em questões de religião.

São situações deveras reveladoras, que mostram bem o quanto é difícil explicar o papel de uma religião para quem cresceu em um ambiente muçulmano.